O Itinerarium in Deum [ID] inspira-se nos escritos e nas obras dos santos da Igreja Católica, como Santo Afonso Maria de Ligório, Santo Agostinho, Santo Inácio de Loyola, São João da Cruz, Santa Teresa d’Ávila, São Boaventura, entre outros.
A proposta constitui um convite à contemplação e ao reconhecimento da presença de Deus em nossa vida. Está alicerçada nos valores de Cristo, nas Sagradas Escrituras, na Tradição dos Padres da Igreja e no Magistério.
Este itinerário propõe um diálogo entre a Teologia Moral e as Neurociências e nasce da certeza de que a verdadeira realização da pessoa encontra-se na sua dimensão espiritual. É nesse horizonte que Deus revela plenamente a dignidade e a esperança do coração humano. Como recorda Bento XVI, o verdadeiro desenvolvimento humano integral não é apenas de ordem material ou técnica, mas deve incluir a dimensão espiritual, pois “sem Deus, o homem não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender quem é” (Caritas in Veritate, n. 78).
Nossa Visão
Nossa Missão
- Promover a Fé
- Promover a Esperança
- Promover a Caridade
Magistério da Igreja e Desenvolvimento Humano Integral
1. Introdução
- O conceito de desenvolvimento humano integral à luz do Magistério da Igreja Católica parte da compreensão cristã sobre a dignidade da pessoa humana, concebida à imagem e semelhança de Deus. Esse desenvolvimento abrange não apenas o progresso econômico, mas também o fortalecimento de cada pessoa em suas diversas dimensões: espiritual, social, cultural, econômica e política.
A Igreja Católica, desde a publicação da Rerum Novarum por Leão XIII em 1891, tem desempenhado um papel de destaque ao abordar os desafios sociais sob a orientação dos princípios do Evangelho.
2. Papa Leão XIII – Rerum Novarum (1891)
Considerada um marco fundamental da Doutrina Social da Igreja, esta encíclica defende o direito à propriedade privada, a justiça nas relações de trabalho e a dignidade do trabalhador. Reconhece a importância de uma ordem social justa, fundamentada nos princípios de solidariedade e subsidiariedade. Destaca ainda que o desenvolvimento não deve se restringir ao acúmulo de riqueza material, mas precisa respeitar a dignidade intrínseca da pessoa humana.
3. São João Paulo II – A centralidade da pessoa
Nas encíclicas Laborem Exercens (1981), Sollicitudo Rei Socialis (1987) e Centesimus Annus (1991), enfatiza-se o papel do ser humano como sujeito, centro e finalidade de toda a atividade econômica e social. Há uma crítica tanto ao liberalismo econômico irrestrito quanto ao coletivismo marxista. Destaca-se ainda a introdução do conceito de solidariedade enquanto virtude cristã fundamental. Ressalta-se, por fim, que o desenvolvimento humano integral apenas pode ser considerado autêntico quando respeita a dignidade transcendente da pessoa humana.
4. Bento XVI
1. Fundamento espiritual e moral
- O verdadeiro desenvolvimento não é apenas econômico ou técnico, mas deve incluir a dimensão moral e espiritual do ser humano.
- Ele afirma que sem Deus, o desenvolvimento é apenas aparente (Caritas in Veritate, n. 11).
- O progresso deve respeitar a dignidade da pessoa e a busca pelo bem comum.
2. Caridade e Verdade
- O desenvolvimento humano integral só pode ser autêntico quando guiado pela caridade (amor) enraizada na verdade.
- A caridade garante a solidariedade, enquanto a verdade evita que o amor se reduza a sentimentalismo ou ideologia.
3. Integração das dimensões humanas
- Bento XVI insiste que o desenvolvimento deve considerar todas as dimensões da vida:
– Econômica
– Social
– Cultural
– Política
– Ambiental
– Espiritual - Assim, o progresso é “integral”, porque visa o bem de toda a pessoa e de todas as pessoas.
4. Crítica ao reducionismo econômico
- Ele critica tanto o economicismo (reduzir tudo ao mercado e ao lucro) quanto o tecnicismo (confiar apenas na ciência e tecnologia).
- O verdadeiro progresso não se mede só pelo PIB ou índices de consumo, mas pela qualidade das relações humanas e sociais.
5. Desenvolvimento solidário e sustentável
- Bento XVI propõe um desenvolvimento solidário, que respeite os povos pobres e promova a justiça global.
- Introduz também a preocupação com o desenvolvimento sustentável, defendendo uma ecologia humana que inclui cuidado com o meio ambiente e com a vida humana em todas as fases.
“O desenvolvimento humano integral supõe a liberdade responsável da pessoa e dos povos. Requer uma ética que coloque no centro a dignidade da pessoa e o bem comum.”
(Caritas in Veritate, n. 17)
5. Francisco
1. Ecologia Integral
O conceito de desenvolvimento não pode ser separado do cuidado da casa comum (a criação).
Tudo está interligado: meio ambiente, economia, política, cultura e vida humana.
O progresso humano verdadeiro deve respeitar tanto as pessoas quanto a natureza.
2. Fraternidade e Cultura do Encontro
O desenvolvimento integral exige fraternidade universal: ninguém pode se desenvolver sozinho.
A “cultura do encontro” substitui a lógica da exclusão e da indiferença.
O desenvolvimento não é apenas individual, mas comunitário e inclusivo.
3. Crítica à cultura do descarte
Francisco denuncia a mentalidade que descarta pessoas (pobres, migrantes, idosos, nascituros) em nome da eficiência econômica.
O verdadeiro desenvolvimento é aquele que inclui os mais frágeis e lhes dá dignidade.
4. Dimensão social e econômica
O progresso não pode ser reduzido a crescimento econômico.
É preciso colocar a economia a serviço da pessoa e do bem comum.
Ele defende uma economia solidária, inclusiva e sustentável.
5. Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral
Criado em 2016 para integrar as dimensões: justiça, paz, saúde, migrantes, ecologia e caridade.
Expressa a ideia de que o desenvolvimento integral precisa de uma resposta global e coordenada.
“Tudo está interligado.” (Laudato Si’, n. 91)
“Ninguém se salva sozinho, só é possível salvar-se juntos.” (Fratelli Tutti, n. 32)
“O desenvolvimento não deve excluir, mas integrar, deve humanizar e não desumanizar.” (Mensagem ao Dicastério, 2017)
6. Conclusão
De acordo com o Magistério da Igreja, o desenvolvimento humano integral transcende indicadores econômicos, contemplando o pleno crescimento da pessoa humana, tanto em sua dimensão física quanto espiritual, no contexto comunitário e em harmonia com Deus, com os demais e com a criação. Desde o pontificado de Leão XIII até Francisco, a Igreja reforça que a pessoa humana ocupa posição central em sua missão (João Paulo II, Redemptor Hominis). A promoção do desenvolvimento humano autêntico exige o reconhecimento da centralidade da pessoa, a solidariedade entre os povos e a abertura à dimensão divina.